A Cura
A Cura é a 32a. Carta do Caminho Sagrado da Beleza.
Por Isabela Stoop
Certa vez, ainda bem jovem
quando eu visitava uma pequena comunidade
disseram que eu tinha o dom de curar as pessoas ao meu redor
Que bastava me tocarem e algo se acalmava
Transcendia
Aquilo se espalhou rapidamente e elas vinham a mim
na esperança de que algo mudasse
Parece que, mesmo que apenas uma tênue possibilidade,
a boa nova lhes acendia uma luz interior
Tímida, não sabia o que dizer
Desviava o olhar
Mas algo intuitivo me sussurrava
que não precisava “fazer sentido”
Eu não podia confirmar
mas não podia negar
Eu não fazia promessas
mas não esquivava: apenas assistia
Porque algo naquelas pessoas se renovava
como se uma chama se acendesse
Vívida
Depois de noites de escuridão
Não é difícil de entender agora
Não é difícil de aceitar a dimensão do que aconteceu
Porque curar o outro não é um milagre grandioso
É apenas presença
Cura é aquele instante em que
alguém se sente visto e a alma respira
É quando uma luz não invade, mas acolhe
É quando o silêncio soa mais forte do que o murmúrio do sofrimento
É quando se abre espaço para a outra pessoa se reconectar consigo mesma
Com o sagrado que já estava dentro dela
Hoje eu vejo que simplesmente carregava uma vibração
Uma vibração natural de não julgamento
Que não precisou aprender
a não impor
a não cobrar
a não apressar
a não pedir
a não insistir
a não ensinar
Apenas despertar.
Talvez esse seja, afinal, o meu verdadeiro dom
De não fazer
mas de simplesmente ser.
Esta foi a última Carta Espiritual do Caminho Sagrado. 
Como elas, eu vou traçando a minha história e,
ao mesmo tempo, vou deixando a minha história aqui. 
Registrando-a.
Eternizando-a na lembrança.
								
															

